Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
É de dentro da gente que a nau inaudita
Habita, repousa, amor e hidrogênio
Silêncio, saudade, soluço, selênio
A nau permanece mesmo quando vai
Secreta se curva, dá a gota, se agita
Se eleva no ar, resplandece e cai
A nave que é mãe
que é filho e é pai
É tudo e é nada
o povo e ninguém
Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
Respirar, navegar é coisíssima igual
O ar que ri é o fogo da nau
No vale profundo que geme em nós
Reside o casulo do cavalo alado
Na rainha-mãe ou no pobre coitado
Ali se espelha a centelha do gás
Se é moça ou rapaz, ancião ou criança
A chama não cansa de dançar a dança
A nave que é mãe (A nave que é mãe)
que é filho e é pai (que é filho e é pai)
É tudo e é nada (É tudo e é nada)
o povo e ninguém
Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
Não é de fora que a nave vem
É de dentro do peito que a nave sai
Composição: Zé Ramalho, Chico César
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